quarta-feira, 2 de setembro de 2009

ALOE NA VETERINÁRIA

As propriedades medicinais das plantas de Aloe Vera têm sido comprovadas. Egípcios e gregos antigos usavam extratos no tratamento de doenças e produtos derivados foram incluídos em textos herbários orientais e ocidentais por séculos.
Recentemente, investigações sobre o Aloe demonstraram o valor dos produtos em doenças adquiridas por radiação, tuberculose e queimaduras por calor.
Nos últimos anos, surgiu interesse no potencial médico da planta e isso também passou para a Medicina Veterinária, os produtos de Aloe Vera são promovidos para tratamento de animais e há fornecedores que trabalham para promover produtos de uso em cavalos e animais de granja (aves e coelhos, por exemplo).
Como é comum na veterinária, a atitude quanto a esses produtos é de ceticismo, pela propaganda da sua eficácia, que incluiu quase tudo, fazendo-a parecer pouco crível.
Apesar das reservas, resolvemos utilizar uma quantidade do gel para avaliar o produto em condições especificas, usaram-se duas formas do extrato do Aloe nos casos clínicos com eqüinos: um gel oral (misturado com alimentos) e um gel tópico como loção epidérmica.
Os casos epidérmicos foram tratados usando, Aloe Vera, com base em experiência estabelecida com outros produtos tópicos: usou-se o extrato da planta em lesões que respondem de forma previsível a outros medicamentos e compararam-se os resultados.
Para o gel oral,. elegeu-se a síndrome de letargia, que quase não tem respondido à terapia normal e que oferecia a oportunidade de explicar aos clientes que se usaria o Aloe Vera porque havia pouco a fazer com medicamentos tradicionais. Cavalos afetados por essa doença tem contagem de leucócitos inferior à nomial quando comparados a cavalos de idêntico tipo, idade e condições. Freqüententente, tem bom apetite e podem estar em boas condições. Tem pouca tolerância a exercícios e podem estar letárgicos nos estábulos. Alguns cavalos mostram uma anemia concomitante.
A doença poderia ser secundária de infecção respiratória virótica ou bacteriana, mas em outros cavalos não havia uma causa óbvia precipitadora e o dono simplesmente informava que o cavalo estava decaído e fraco. Devido à semelhança com as síndromes humanas pós-viróticas ou virose persistente, pensou-se que o responsável fosse um agente virótico, mas até agora não se produziu isolamento ou identificação de nenhum vírus.
Sem nenhum tratamento, alguns cavalos se recuperariam com descanso e tempo, mas outros ficariam letárgicos por meses até o final.
Nessa experiência, suplemento multivitamínico, antibiótico e terapias normais fracassaram.
Foram tratados casos de leucopenia persistente e letargia com gel oral de Aloe em uma proporção de 240 ml por dia de 3 a 5 semanas.
Todos os cavalos incluídos no teste tiveram leucopenia e depressão, mas sem outros sinais de doenças ou infecção. Alguns receberam previamente outros tratamentos, inclusive multivitaminas e imunoestimulantes, como extrato de paredes de células de bactérias ou levamísole.
Nenhum dos cavalos recebeu tratamento coincidente enquanto se tratava com Aloe Vera.
Os resultados indicam que significativa porção dos cavalos responde à medicação com Aloe oral.
Nos animais que mostraram aumento no total de leucócitos, houve também aumento na vitalidade e tolerância a exercícios.
Os animais que não melhoraram foram separados para descansar mais.
Estes resultados são significativamente melhores que os de experiência com outros tratamentos ou só com descanso.
A eficácia tópica do extrato de Aloe Vera foi menos fácil de monitorar porque há terapias médicas provadas e efetivas contra a maioria das doenças epidérmicas em eqüinos e os proprietários se mostram renitentes em permitir que se teste um produto se esse tratamento exige deixar de lado remédios, já provados.
Usamos, porém, gel tópico de Aloe para tratamento da dermatose micótica circunscrita (tinha) em cavalos com poucas lesões. A resposta à aplicação de 3 vezes diárias do gel tópico por uma semana foi pelo menos tão efetiva como a aplicação do Eniconazole.
A "febre do barro" foi tratada com a aplicação de extrato de Aloe Vera junto a trocas de administração para assegurar limpeza e secagem das patas, nestes casos a resolução foi igualmente rápida com extratos de Aloe como com os tópicos antibióticos e anti-inflamatórios.
A hipersensibilidade ao contato (placa urticária) foi tratada com tópicos de Aloe Vera em certa quantidade de cavalos. A evidência da inflamação se reduziu tão rapidamente como se esperaria com anti-inflamatórios sistêmicos ou tópicos convencionais. As feridas infectadas e tratadas com a aplicação do gel de Aloe Vera sararam de maneira satisfatória sem cobertura adicional antibiótica e sem desenvolvimento de muito tecido de granulação, mesmo quando estavam situadas em arcas móveis das patas.
Apesar das limitações desta forma de estudo clínico, acreditamos que há benefícios terapêuticos a conquistar com a administração dos extratos de Aloe Vera.
O ceticismo se dá porque os produtos foram promovidos de forma totalmente não-científica e porque não há análise detalhada dos compostos químicos que os compõem. O valor dos medicamentos derivados desta planta está, porém, bem estabelecido e a aceitação geral dos agentes terapêuticos tais como digexin, os salicilatos, atropina. piretro e a cocaína indicam que produtos derivados de plantas, potencialmente úteis; não devem ser deixados de lado como "alternativos" simplesmente porque não foram exaustivamente analisados e documentados.


"INFORME AGRO PECUÁRIO" - VEÍCULO OFICIAL DE INFORMAÇÃO DO


SINDICATO RURAL DE CAMPO GRANDE - MS (11/97)

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